Destaques
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Mudei minha roupa e as portas de emprego se abriram.
Sabe aquela sensação de entrar num lugar e ninguém te notar? Era assim que eu me sentia antes. Ia pras entrevistas de emprego com aquela calça jeans desbotada, camiseta básica e tênis surrado — roupas que pareciam gritar "não me leve a sério". E adivinha? Ninguém levava mesmo.
O tapa na cara que eu precisava
Renata sempre foi sincera comigo, às vezes até demais. Numa quinta-feira à noite, depois de mais uma entrevista fracassada, ela soltou a bomba:
"Amor, você tem potencial pra caramba, mas se veste como quem tá indo comprar pão na esquina."
Doeu ouvir aquilo. No fundo, eu sabia que ela tinha razão. Fiquei olhando pro guarda-roupa cheio de peças que não diziam nada sobre mim — ou pior, talvez dissessem muito.
A metamorfose que não custou uma fortuna
No sábado seguinte, Renata me arrastou pro shopping. Não fomos às lojas caras, mas às que cabiam no nosso orçamento apertado. A diferença é que, pela primeira vez, eu estava prestando atenção no que comprava.
Trocamos as camisetas largonas por algumas de corte mais ajustado. As calças jeans desbotadas deram lugar a outras mais escuras e bem cortadas. Compramos dois pares de sapatos simples, mas que não pareciam ter sido atropelados por um caminhão.
E o detalhe que mudou tudo: um blazer azul-marinho básico. Não era nada extravagante, mas cara... que diferença aquela peça fez.
O mundo começa a te olhar diferente
Na segunda-feira, mandei currículo pra três lugares usando meu novo visual nas fotos. Na quarta, já tinha duas entrevistas marcadas. Quando entrei na sala da primeira, senti na hora a diferença no olhar da recrutadora.
"Me diga sobre sua experiência", ela pediu, mas seus olhos já diziam que eu estava sendo levado a sério antes mesmo de abrir a boca.
Saí dali com uma sensação estranha, como se tivesse descoberto um superpoder bobo, mas eficaz. Não era mais inteligente nem mais qualificado que antes — só parecia ser.
Cada estilo, uma porta
Logo percebi que cada ambiente de trabalho tinha seu próprio código de vestimenta não escrito:
Para entrevistas em startups, o blazer com camiseta e jeans escuro funcionava perfeitamente — formal o suficiente para mostrar respeito, descontraído o bastante para não parecer quadrado.
Em empresas mais tradicionais, a camisa social simples com calça de alfaiataria me fazia parecer confiável sem exageros.
Para trabalhos criativos, algumas peças com mais personalidade — como uma camisa estampada discreta sob o blazer — enviavam a mensagem certa.
E o mais impressionante: o custo total da mudança foi bem menor que um mês de aluguel. Não eram roupas de marca, mas eram peças que conversavam entre si.
Além do emprego: a autoestima que volta
A parte mais surpreendente dessa história não foi conseguir emprego — foi perceber como eu mesmo mudei. Quando você se olha no espelho e gosta do que vê, algo muda na sua postura, no seu tom de voz, no seu jeito de entrar nos lugares.
Antes, eu entrava em salas de entrevista pedindo licença com o olhar. Agora, entrava como quem tem algo importante a dizer.
Nas reuniões de equipe, notei que me interrompiam menos. No metrô, pessoas cediam lugar com mais facilidade. No supermercado, atendentes vinham perguntar se eu precisava de ajuda.
O mundo não mudou — mas o jeito como ele me enxergava, sim.
O paradoxo das aparências
Tem dias que ainda me pego pensando no absurdo que é tudo isso. A mesma pessoa, com o mesmo cérebro e as mesmas habilidades, sendo tratada de formas tão diferentes por causa de pedaços de tecido.
Não é justo? Claro que não. Mas é real.
Quando converso com amigos que ainda estão na luta por uma oportunidade, sempre compartilho essa experiência. Alguns torcem o nariz, como se estivesse sugerindo uma traição aos próprios valores. Entendo esse sentimento — eu mesmo o tive.
Mas depois de meses ganhando bem num emprego que gosto, vejo a questão por outro ângulo: às vezes, o sistema não vai mudar rápido o bastante para nossa urgência de pagar as contas.
O conselho que nunca pedi, mas precisava ouvir
Se você está lendo isso e se identificou com meu antigo eu, talvez este seja o empurrão que você também precisava:
Não, roupas não definem seu valor. Sim, é injusto ser julgado por aparências. Não, você não precisa gastar uma fortuna. Sim, pode fazer diferença na sua vida profissional.
E lembre-se: não é sobre virar outra pessoa ou se fantasiar. É sobre apresentar ao mundo a melhor versão de quem você já é.
Como Renata me disse naquela tarde de compras que mudou minha vida: "Essas roupas não vão te transformar em alguém novo. Só vão deixar que vejam quem você sempre foi."
E ela estava certa. Como sempre.
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Comentários
Postar um comentário