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Destaques

O segredo para facas sempre afiadas usando item comum da cozinha.

Sabe aquela sensação de frustração quando tentamos cortar um tomate e a faca mais esmaga do que corta? Pois é, na minha casa isso era quase um drama diário. Renata, minha esposa, franzia a testa toda vez que entrava na cozinha para preparar o jantar. "Essas facas não cortam nada!", ela resmungava enquanto lutava com os legumes que pareciam ter vida própria. O drama das facas sem corte A gente achava que era normal. Que depois de alguns meses de uso, qualquer faca perdia o fio e precisava ser substituída. Jogamos fora três jogos de facas em cinco anos de casamento. Um desperdício que só fui entender quando passei um fim de semana na casa da minha sogra Lucinha. Enquanto observava ela preparar aquele frango assado que só ela sabe fazer, notei como as fatias saíam perfeitas, sem esforço. A faca deslizava pela carne como se cortasse manteiga. "Dona Lucinha, essa faca é nova?", perguntei, curioso. Ela soltou aquela risada gostosa, daquelas que só as sogr...

Na Geladeira Jamais, Pão Francês Sempre Novo e Crocante Com Essa Minha Idéia Inédita.

O sol ainda nem tinha aparecido quando ouvi o barulho da porta da padaria se abrindo naquela manhã de domingo. Era quase um ritual: acordar antes de todo mundo, andar duas quadras até a padaria do seu Antônio e voltar com uma sacola cheia de pães quentinhos. Mas o problema sempre foi o mesmo — no dia seguinte, aquela crocância divina dava lugar a um pão duro que nem o melhor café conseguia salvar.

A frustração de todo brasileiro: pão de ontem

Cresci numa família onde o pão francês era sagrado. Minha mãe dizia que dava pra saber o humor do meu pai pelo barulho que o pão fazia quando ele mordia no café da manhã. Se estralasse, o dia começava bem. Se não... melhor nem lembrar.

Quando casei e formei minha própria família, carreguei essa tradição comigo. Meus filhos, Pedro e Marina, desde pequenos, acordavam perguntando se o pão estava "estralando". E minha esposa Renata, que nem era muito fã de pão antes de me conhecer, acabou se rendendo ao prazer de um pãozinho fresquinho com manteiga derretendo.

Mas a verdade é que nosso orçamento não permitia ir à padaria todo santo dia. E aí começava o drama: como manter o pão do dia anterior comível?

"Guarda na geladeira", diziam uns. "Deixa na bancada num pote fechado", aconselhavam outros. "Embrulha em jornal", sugeriu minha sogra.

Tentei tudo isso. E nada funcionava direito. O pão da geladeira ficava com textura estranha. Na bancada, endurecia. No jornal, às vezes pegava cheiro de tinta.

A descoberta que mudou nosso café da manhã

Num domingo à noite, depois de jantar na casa da minha irmã, reclamei do problema. Meu cunhado Ricardo, que sempre teve aquele jeito quietão de quem não fala muito mas quando fala é pra dizer algo que presta, comentou: "Eu congelo."

Confesso que torci o nariz na hora. Congelar pão francês? Parecia sacrilégio. Na minha cabeça, só via aquele pão desfazendo na água, virando uma papa sem graça.

"Você tá louco? Pão congelado fica um mingau quando descongela", respondi, já me sentindo o especialista.

Foi aí que ele sorriu daquele jeito de quem sabe das coisas: "Quem falou em descongelar? É só esquentar direto."

Na volta pra casa, não conseguia parar de pensar nisso. No dia seguinte, comprei uma fornada maior de pães e decidi testar.

O método que revolucionou: do freezer direto pro forno

Primeiro, esperei os pães esfriarem completamente — isso é importante! Cortei cada um ao meio (como gostamos de comer em casa) e coloquei em sacos plásticos próprios para freezer, tirando o máximo de ar possível.

O segredo que descobri depois de algumas tentativas é: nunca coloque os pães quentes no congelador. Eles formam cristais de gelo que, ao derreter, deixam o pão mole.

Na manhã seguinte, a hora da verdade. Liguei o forno a 180 graus e, ainda congelados, coloquei os pães direto na grade por uns 7 minutos.

O cheiro que invadiu a cozinha não mentia: era como se tivesse acabado de chegar da padaria. Quando retirei do forno, a casquinha estava crocante, o miolo quentinho e macio como se tivesse saído do forno do seu Antônio naquele instante.

O barulho do pão quebrando quando Marina deu a primeira mordida dizia tudo. "Pai, tá estralando!", ela gritou com aquele sorriso de quem está comendo a melhor coisa do mundo.

A vida depois do freezer

Já faz cinco anos desde aquela descoberta. Hoje, vou à padaria apenas duas vezes por semana. Compro uma quantidade maior e já preparo tudo pro freezer. Cada pãozinho vai cortado ao meio em saquinhos individuais.

A economia no fim do mês é considerável, sem falar na praticidade. De manhã, enquanto o café passa, os pães vão pro forno. Sem pressa, sem correria, sem stress.

A Renata até brinca que agora tem dois maridos: eu e o freezer. Porque foi ele que salvou nossos cafés da manhã.

O Pedro, que hoje está com 12 anos, aprendeu a colocar os pães no forno sozinho. Virou sua pequena responsabilidade matinal, e ele leva isso muito a sério. É engraçado ver como ele fiscaliza o tempo certinho, como um pequeno padeiro.

Dicas que aprendi no caminho

Com o tempo, fui refinando o método. Descobri, por exemplo, que pães mais novos e frescos congelam melhor. Se o pão já está meio murcho quando vai pro freezer, não tem milagre que resolva.

Também percebi que embrulhar cada pão individualmente é melhor do que colocar vários no mesmo saco — você evita ficar abrindo e fechando o pacote, o que pode formar aquele gelo indesejado.

Outra dica é nunca descongelar em temperatura ambiente ou no micro-ondas. Direto do freezer pro forno pré-aquecido é a regra de ouro.

Para famílias como a nossa, com crianças que acordam em horários diferentes, isso é uma mão na roda. Cada um pode preparar seu pão na hora que quiser, com a garantia de que estará sempre fresquinho.

O pão nosso de cada dia

Hoje, quando lembro daquela época em que sofria com pães dormidos, até dou risada. Pensar que a solução estava ali, tão simples, ao alcance da minha geladeira.

No fundo, acho que essa história do pão é como muitas coisas na vida. Às vezes a gente complica o que é simples. Procura soluções mirabolantes quando a resposta pode estar num conselho dado de passagem, numa noite qualquer de domingo.

Nossos cafés da manhã nunca mais foram os mesmos. Aquele momento em família, em volta da mesa, com cheiro de café fresco e pão crocante, virou ainda mais especial. E quando recebo visitas de manhã e ofereço um pãozinho que parece recém-saído da padaria, adoro ver a cara de surpresa quando conto que está congelado há três dias.

Como dizia minha avó: "As melhores receitas são as mais simples." E no caso do pão francês, o segredo era só mudar o caminho: em vez de padaria-mesa-lixo, agora é padaria-freezer-forno-mesa. E todo dia é dia de pão fresquinho lá em casa.

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